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27 de outubro de 2021Pode parecer mera brincadeira ou um excesso inconsequente, mas o título deste artigo é real, e serve de recado diretamente para as gestantes. A gravidez é um acontecimento envolto de muitas expectativas, mas também exige que as mães redobrem os cuidados em relação à sua saúde – particularmente a bucal. O procedimento adequado pode preservar o próprio feto, como explico mais adiante.
No entanto, é necessário primeiro observar que a gravidez não é marcada apenas pelo desenvolvimento do feto. O corpo da mãe também sofre profundas mudanças. Internamente, a mulher passa por alterações hormonais que desencadeiam vários sintomas. Alguns bastante sensíveis; outros nem tanto. Tudo para adaptar-se à vida que está sendo formada no útero.
Os enjoos, o ganho de peso e o crescimento mais intenso dos pêlos, do cabelo e das unhas são parte desse pacote, graças à produção mais ostensiva de progesterona. E é também a progesterona a responsável por aumentar o fluxo sanguíneo – afinal, é este o caminho por onde passam o oxigênio, os nutrientes e outros elementos essenciais à formação do feto.
Entretanto, a intensificação desse fluxo acarreta outros problemas, como inchaços e maior sensibilidade do corpo, inclusive na região gengival. Daí vem a gengivite gestacional, que acomete mais de 60% das gestantes. A diferença elementar entre a gengivite num paciente comum e a gengivite gestacional é o quadro da paciente. No primeiro caso, ela é causada essencialmente pela higiene bucal inadequada. Já a gestacional pode incidir inclusive sobre mulheres que cuidam dos dentes devidamente, mas que são acometidas pelo problema graças à sua condição interna.
A gengiva inchada provoca sulcos na linha de junção dos dentes e da gengiva, tornando o local bastante suscetível à incidência de biofilme, também conhecido como placa bacteriana. Sem a higiene bucal correta, o biofilme se prolifera, podendo agravar a gengivite até que ocorra a periodontite. Neste estágio, as bactérias deterioram os tecidos, os ligamentos e até os ossos de sustentação, levando à perda dos dentes e ao comprometimento da estrutura bucal.
Mais um agravante: alguns dos microorganismos que atuam na periodontite têm capacidade de “viajar” pelo corpo, podendo chegar inclusive à região uterina. E é este ponto que leva à associação entre a saúde bucal e a do próprio feto. Estudos recentes apontam que a presença de bactérias oriundas da gengiva no útero é capaz de provocar até mesmo partos prematuros.
Quando essas bactérias alcançam a região uterina, o sistema imunológico reage imediatamente. Sua resposta rápida é com o aumento da produção de prostaglandina, um tipo de lipídio que combate os microorganismos. Eles também têm o poder de controlar inflamações, fluxos e coágulos sanguíneos, mas também de provocar um parto.
Para evitar todo esse percurso, a recomendação é básica para as mamães: redobrar a atenção com a higiene bucal e intensificar as visitas ao dentista, até para também contornar o problema com a gengivite. Esta, por sinal, não serve de desculpa. Manter a escovação em dia e usar o fio dental são procedimentos essenciais. A saúde do feto passa também pela boca.