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Eleições movimentam polaridade e especulações econômicas

As eleições são a festa da democracia. Aliás, não só da democracia como também das bandeirinhas, dos panfleteiros, das agências de marketing e das gráficas, pra ficar somente nesses prestadores. Mas, indo além, também são a festa dos investidores que respiram focados no mercado de ações. Com o clima brasileiro inebriado de política, as atenções em torno da B3 acabam suscitando muitas especulações, incertezas e expectativas para os próximos meses. É um misto de tensão e otimismo.

Isso porque as interferências políticas na economia afetam diretamente o mercado, de modo que o menor movimento de uma acaba reletindo na outra. Imagine isso num momento em que a brisa política se converte num furacão eleitoral. Mais ainda a cerca de três semanas do 2º turno, numa disputa naturalmente polarizada e que vem deixando o eleitorado brasileiro com os nervos à flor da pele.

Inicialmente, as reações do mercado ao resultado do primeiro turno foram positivas. No dia seguinte ao 1º round da disputa, o Ibovespa, termômetro da bolsa de valores brasileira, fechou o dia com alta 5,54%, chegando aos 116.134 pontos. O movimento otimista também derrubou a cotação do dólar frente ao real.

Esse movimento, no entanto, não está relacionado à vantagem que Lula apresentou no primeiro turno, mas sim pelo desempenho acima do esperado obtido pelo atual presidente e dos candidatos aos cargos do legislativo e dos governadores aliados a ele.

Na sua última pesquisa antes das eleições, o DataFolha mostrou Lula com 50% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro detinha apenas 36%. Com a margem de erro, a pesquisa se mostrou assertiva quanto às projeções para o candidato do PT, mas o resultado real foi bem melhor do que o esperado para o atual presidente, resultado num primeiro turno muito mais acirrado.

Além disso, a vitória de senadores e governadores aliados ao candidato do PL em maior quantidade, inclusive em grandes praças eleitorais, como São Paulo e Minas Gerais, sugerem que nada está decido, e Bolsonaro ainda pode buscar uma virada no segundo turno. Já em um cenário em que se confirme vitória de Lula, a nova composição da Câmara e do Senado, na visão do mercado deve, no mínimo, frear possíveis medidas do partido dos trabalhadores.

A pergunta é: mas e quanto ao 2º turno? Como o mercado deve reagir ao resultado definitivo?

Novamente as pesquisas apontam para vitória de Lula num segundo turno acirrado e decisivo. O que é bastante possível, uma vez que uma virada no segundo turno nunca foi vista no Brasil. Mas, com o cenário ainda em aberto, é importante olhar para todas as possibilidades.

Ainda que a conjuntura de hoje seja de mais ataques pessoais e de menos propostas concretas, é possível projetar essa movimentação considerando o histórico presidencial de cada um para alimentar algumas hipóteses. Bolsonaro passou os últimos quatro anos batendo forte na ideia de realizar privatizações, e despendeu forças em favor da venda da Eletrobras e dos Correios, que ainda está em disputa política.

Não são as únicas. A expectativa do Ministério da Economia é de retirar das mãos do Estado a responsabilidade sobre cerca de 90 companhias. Isso tende a indicar uma valorização dessas estatais em caso de vitória bolsonarista. Diante da privatização, elas acabam ganhando a confiança do mercado e a projeção de novos investimentos na oferta dos serviços.

Por outro lado, a vitória de Lula pressupõe uma desvalorização nas ações de empresas estatais, sobretudo da Petrobras, ao passo que sinalizam uma valorização de empresas que poderão ter forte influência no seu eventual governo. Caso ele volte a investir pesado nos projetos habitacionais, ressuscitando o Minha Casa, Minha Vida (atualmente Casa Verde e Amarela), por exemplo, a tendência é de que o setor da construção civil ganhe novo fôlego, e que isso se reflita nas ações das empreiteiras.

Os programas de redistribuição de renda e assistência social bastante presentes nos antigos governos do PT, também podem alavancar o consumo das famílias e beneficiar empresas do setor de varejo.

Já o setor bancário se beneficia nos dos lados, uma vez que a Taxa Selic não deve sofrer uma redução imediata nas próximas reuniões do Copom, independentemente de quem for eleito, como sinalizou o Banco Central. A preservação do alto preço dos créditos bancários deve impactar nos resultados manter o valor das instituições financeiras em patamar superior.

Apesar das projeções, faltam elementos para antever situações mais assertivas. Os dois candidatos insistem em afirmar que suas propostas econômicas, como todas as demais, estão presentes em seus planos de governo. Trata-se, no entanto, de peças fictícias, mais úteis à militância do que propriamente ao público em geral e aos investidores. Declarações acalentadoras teriam efeitos mais efetivos em um mercado que necessita de posicionamento. Não é o caso dos dois.

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