Estatais chinesas de olho em Furnas

Com a possibilidade da privatização do Complexo Energético de Furnas, cresce os olhos de investidores externos na produtividade da maior usina hidrelétrica de Minas Gerais. Durante uma audiência realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi levantada a suspeita de que caso Furnas seja vendida, serão mãos chinesas que segurarão a empresa.

“Vamos deixar o governo chinês tomar conta do nosso patrimônio?”, indagou o deputado federal Leonardo Quintão (PMFB) durante a reunião. A preocupação de Leonardo e dos demais deputados é de que a China possa intervir diretamente em um dos principais setores estratégicos do Brasil – o da geração de energia-, e que a produção hidrelétrica brasileira possa ser um tipo de braço econômico para o governo do país asiático.

“A prova do valor de Furnas é vermos estatais estrangeiras cobiçando esse patrimônio do qual queremos nos desfazer”, comentou o prefeito de Capitólio, José Eduardo Vallory. “Como será o olhar dessas empresas para a piscicultura, o desenvolvimento do turismo, os interesses dos cidadãos?”, acrescentou o gestor, que também é presidente da Associação dos Municípios do Lago de Furnas.

É bom lembrar que Capitólio, Carmo do Rio Claro, Barranco Alto, Santo Hilário e a própria Furnas são algumas das cidades que tem todo o seu poder econômico ligado às dependências da Usina e da represa, do lado e do canyon formada pelos Rio Grande e Rio Sapucaí. Seja que for que administrar o Complexo, terá também forte poder sobre toda a região.

Está é, por exemplo, a preocupação do Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Água, Energia e Meio Ambiente (Fenatema), Eduardo Annunciato. O executivo ponderou que não está em jogo apenas a venda de energia, mas de todos os componentes do sistema, que passariam a ser importados da China, transferindo empregos para lá.