Em BH

Evento na Casa do Baile valoriza o modernismo em Belo Horizote

Ao longo de 2022, quando a Semana de Arte Moderna completou 100 anos, muito se falou e celebrou sobre o tema. Seu centenário potencializou uma revisão do modernismo brasileiro trazendo questões que ainda precisam ser debatidas, em especial, a contribuição de outras vozes para além do eixo paulista para consolidação de um modernismo plural no Brasil, que encontra seu lugar nas mais diversas linguagens artísticas nos mais variados protagonistas.

Para discutir sobre o protagonismo de Belo Horizonte na segunda geração do modernismo, nos dias 21 e 22 de janeiro de 2023, a Casa do Baile recebe o projeto ECOS – Modernismo Plural. O evento gratuito, composto por palestras, mini talks, oficinas, intervenções urbanas e visitas mediadas ao complexo arquitetônico da Pampulha, objetiva demonstrar que o tema merece celebrações e reflexões contínuas e visa também potencializar o território da Pampulha enquanto Patrimônio da Humanidade. O evento busca apresentar aos interessados o patrimônio histórico e artístico de BH, por meio de uma possibilidade de leitura do modernismo brasileiro para além da discussão paulista, reivindicando o lugar de protagonismo de Belo Horizonte e a transversalidade do modernismo mineiro com a discussão nacional.

Todas as ações serão no entorno da Lagoa da Pampulha, tendo como foco um seminário no auditório da Casa do Baile. Na orla, integra a programação, um city tour que será conduzido por leituras de poemas de Cecília Meireles, promete atrair os amantes das artes – especialmente literatura e arquitetura. Haverá também uma oficina de educação patrimonial com foco no processo de musealização da Igrejinha São Francisco de Assis.

Outra atividade especial será o passeio de bicicleta (tweed ride) pelo complexo arquitetônico da região. O encerramento do evento contará com o tradicional PicLindy do grupo BeHoopers, que reforçará o caráter original da Casa do Baile.

Segundo o idealizador do projeto, historiador da arte e gestor cultural Lucas Amorim, que atualmente é gestor da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais,  – um apaixonado por arte, cultura e inovação – a História da Arte Brasileira, em especial, a História das Exposições, carecem de estudos e maior atenção, já que a projeção e relevância do Modernismo Brasileiro foi por décadas suprimida pela Semana de Arte Moderna de 1922, ou pelos nomes de grandes artistas, habitualmente ligados à temática nacionalista.

“Muitos foram os desdobramentos do modernismo desde a Semana, mas pouco ainda se fala sobre a chegada da caravana modernista a ainda pacata Belo Horizonte de 1944, por meio de uma ação fomentada pelo então prefeito Juscelino Kubitscheck, onde reuniram-se na cidade os mais importantes artistas e intelectuais do período para conheceram o complexo da Pampulha e participarem da Exposição de Arte Moderna, que teve oito obras giletadas”, comentou Lucas Amorim.

De acordo com ele, os modernistas – que foi a denominação para aqueles profissionais que “projetaram as novas artes”, considerada na época como moderna – foram inspirados e legitimados por noções específicas de nação, identidade, memória, arte e arquitetura. “Estes atuaram em favor do reconhecimento de bens culturais, que deveriam ser preservados para o presente e para o futuro da sociedade. A Pampulha, portanto, é exaltada neste sentido pela sua organização arquitetônica racional e funcional, tendo como principal resultado os edifícios descritos como verdadeiros objetos arquitetônicos”, explicou Lucas Amorim.

Por que a Casa do Baile?
O local que vai sediar as discussões propostas pelo projeto tem vocação específica. O espaço simboliza todos os eixos temáticos que norteiam o evento: patrimônio histórico, artístico e cultural, arquitetura, crítica de arte, curadoria e a história das exposições.

O evento insere-se nas comemorações dos 80 anos do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Pampulha (inaugurado em 1943) e traz destaque especial para a Casa do Baile, epicentro do evento, que completou em 2023 seus 20 anos como Centro de Referência da Arquitetura, Urbanismo e Design.

ECOS incentiva a construção de práticas e saberes coletivos sobre o idealismo e contradições do movimento modernista nas mais diversas expressões artísticas e seus desdobramentos na contemporaneidade. Profissionais qualificados de diversas áreas ligadas à história da arte e cultura de Belo Horizonte integram a programação. Como proposta de registro e difusão, o projeto ainda contempla a produção de conteúdo para múltiplas plataformas digitais.

Lucas Amorim detalha que toda a programação é gratuita, contará com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, com tradução em libras e audiodescrição, e reforça ainda a importância da realização do evento no mês de janeiro, quando Belo Horizonte recebe turistas. O projeto é viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Modalidade Fundo, projeto 0394/2021 e integra o VAC 2023 – Verão Arte Contemporânea como Programação Associada.

Programação:

Sábado, 21/01

  • 10h às 12h | Mini Curso – Laboratório de Crítica

Rodrigo Vivas, Professor de História da Arte na UFMG, apresenta o papel da crítica para a consolidação das artes plásticas em Minas Gerais e aspectos da escrita da história da arte em Belo Horizonte.

  • 10h às 12h | Mini Curso – Educação Patrimonial – Igrejinha da Pampulha

A historiadora Thaís Alvim e a museóloga Rayane Rosário apresentam no mini curso noções de proteção, preservação e valorização do patrimônio histórico e cultural, com ênfase no Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis, que passa por um processo de musealização.

  • 14h às 15h | Mesa de Abertura

Rodrigo Vivas, professor de História da Arte na UFMG; e Lucas Amorim, idealizador do ECOS, apresentam um breve panorama da História da Arte de Belo Horizonte.

  • 15h às 16h | Mesa redonda

Museus, Literatura e Modernismo, com Alisson Valentim – mestre em Design, arquiteto urbanista e pesquisador de museus, equipamentos culturais e metodologias de gestão destes espaços; Breno Fonseca – pesquisador da literatura brasileira e do patrimônio histórico e cultural e Rayane Rosário – museóloga e especialista em Gestão do Patrimônio Histórico e Cultural discutem o papel das instituições museológicas para preservação da cultura e a contribuição da literatura na consolidação das políticas de patrimônio no Brasil.

  • 16h às 17h| Nessa rua tem um rio

Thereza Portes, artista , professora e pesquisadora realiza sua tradicional “Mesa de Thereza” e conversa sobre seu projeto de intervenção urbana “Nessa Rua Tem um Rio”, que propõe de uma maneira relacional novos usos e significados do Espaço Público.

  • 17h às 18h| MiniTalk – História Cultural de BH

João Perdigão – pesquisador, escritor e atua com produção cultural e arte educação; e Rafael Perpétuo – gestor do Museu de Arte da Pampulha, discutem a efervescência cultural de Belo Horizonte em suas dimensões éticas, políticas e sociais.

Domingo, 20/1:

  • 10h às 12h | CityTour – Cecília Meireles e a Pampulha

Breno Fonseca conduzirá um city tour no complexo da Pampulha, apresentando a visão de Cecília Meireles sobre o complexo da Pampulha, a partir dos poemas da escritora e a transversalidade entre a Literatura e Modernismo.

  • 10h às 12h | Tweed Ride – Concentração na Casa do Baile e passeio de bicicleta pela Orla da Lagoa.
  • 14h às 15h | MiniTalk – Design, Arquitetura e Modernismo

João Caixeta – designer, curador, diretor do Museu da Cadeira Brasileira e pesquisador modernista brasileiro e Maíra Onofri – arquiteta e mestre em preservação do patrimônio cultural,  conversam  sobre cidades, cultura e patrimônio.

  • 15h às 16h | Palestra – Arte, Mercado e Modernismo

Flaviana Lasan – educadora, artista visual, contribui com discussão sobre o mercado da arte/história/educação e o protagonismo feminino.

  • 16h às 17h | PicLindy e Baile de Encerramento

Em uma interessante mistura de piquenique com música e dança, ao ar livre, em celebração à arte e cultura modernista, a Casa do Baile celebra a sua vocação original. É só chegar com paz, amor no coração e boas energias. Quem quiser leve tecido para forrar no chão, comidinhas e bebidinhas. Não esqueça de levar recipiente para recolher seu lixo e deixar a Casa do Baile limpa, como encontrou.

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