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O desafio de produzir uma obra independente

Quando em 2020 decidi lançar meu primeiro livro de forma independente, acreditei que deveria fazer desse desafio uma oportunidade para fazer algo singular. Raras são as editoras que podem apostar em projetos gráficos especiais que tratam o texto de forma expressiva. O mais comum é o popular livro com capa flexível que, quando muito, é feito com aquele papel amarelinho, mais amigável aos olhos.

O mercado de livros é algo realmente desafiador, uma vez que pequenas editoras e livrarias tentam sobreviver frente às grandes corporações mundiais que, por seu poder de capital e logístico, encapsulam as vendas abaixo do seu imenso guarda-chuva com a prática de preços muito distantes do que os pequenos poderiam suportar. Além disso, para que um livro exista, há muitos atores em jogo. Entre editores, revisores, tradutores, produtores gráficos e tantos outros, muito pouco fica com os autores, aqueles que, de fato, deram corpo à obra.

Voltando ao meu primeiro livro, para fazer frente a um impossível do mercado, é que decidi fazer uma publicação que ia além de um livro convencional, propus que o livro fosse uma extensão do texto, dando-lhe um caráter semiótico e estético representativo daquela obra. Nasceu assim um livro feito em encadernação artesanal contemporânea, todo feito à mão, em baixa tiragem. Com edição limitada, cada um dos livros foi numerado e assinado, assim como se faz nas artes visuais. Dessa maneira, entendi que esse livro seria mais que uma publicação, seria um objeto especial.

A experiência de leitura pode ser uma experiência estética, pode oferecer uma proposta de encontro. Com esse mesmo pensamento lançarei meu segundo livro “Verdes, Maduras e Podres”. Minha intenção é que ele, o livro, proporcione uma experiência que delicadamente nos desloca para outro lugar a partir de sua leitura, um lugar menos óbvio, um lugar a ser descoberto. Assim, dentro desse mercado, no campo das publicações independentes se pode fazer uma aposta no pequeno, no singular. Uma aposta naquilo que é feito com um tipo de artesania, de delicadeza mais esmerada. Uma aposta naquilo que a grande mão da indústria não consegue pinçar.

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