Puppi revela capa de disco e lança novo single

O conceito da capa surgiu em parceria com o artista plástico italiano Alain Joly. A ideia é que as baleias são os maiores marinheiros do planeta, navegando longas distâncias, como se vivessem a dar voltas ao mundo. Na ilustração, o universo cabe dentro do navegante, como se toda a experiência da viagem tivesse se construído como um planeta dentro deste marinheiro incansável.

“A baleia é como um vaso que vai se preenche do que encontra, até transformar-se no mundo. O viajante, o marinheiro da terra firme é um vaso que se completa com os encontros que ele vive durante a sua viagem. Imagina a capa ao contrário: a baleia branca no meio do universo, essa é a situação pré-viagem. No fim da viagem, é o que vemos na capa, após todo o percurso do viajante”, explica Puppi.

E foi essa mesma trajetória de absorção que o levou a unir o erudito e o eletrônico. Trata-se de um trabalho de pesquisa musical que ele começou há cerca de uma década e resultou na faixa “Em Direção Obstinada e Contrária”. Foi na busca de novos caminhos sonoros que o violoncelista criou som com o computador.

A capa do álbum (foto: divulgação).

“Me interessa muito a relação entre sons acústicos e sons eletrônicos. Tem uma entrevista do Miles Davis em que ele conta que os sons do mundo mudam a nossa percepção da música. Não tem como essa mudança do som do mundo não permear, não influenciar a estética musical. Como vivemos em um mundo cada vez mais eletrônico, conectado, sintetizado, temos uma disposição muito grande para a linguagem eletrônica. Do toque de celular, até a trilha sonora de um filme, todos esses sons eu quero que entrem no meu trabalho. Gosto muito dessa convergência”, analisa.

A mistura aconteceu na melodia e também na letra. O título da canção faz referência à música “Smisurata Preghiera”, do italiano Fabrizio de Andrè, que em tradução livre significa reza infinita. A música italiana fala de ir ao encontro, caminhar na contramão, ir contra um sistema. Como se no meio de uma multidão que anda para algum lugar, o sujeito se mantivesse obstinado em ir na direção contrária, como explica Puppi: “Pra mim ela representa essa força de ir contra as coisas que a gente não aceita. Ao mesmo tempo é a força de se impor contra o seu próprio pensamento. É uma música de liberdade”, revela.

O compositor alemão Beethoven entra nesse balaio de influências com o sample da obra Coriolan Ouverture op. 62, que é tida pela história como uma pessoa que revolucionou a sua época, indo em direção contrária do que se esperava da música erudita. É a vivacidade beethoviana que “salta aos ouvidos” de quem ouve “Em Direção Obstinada e Contrária”, mostrando que o caminho e suas experiências é tão importante quanto o fim da jornada.

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