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Qualidade de vida, apesar da dor

Como dizia o estoico Sêneca, há mais de dois mil anos, “as dores ligeiras exprimem-se; as grandes dores são mudas”. A batalha do ser humano contra a dor crônica ainda não foi vencida. Por mais que a ciência avance com o desenvolvimento de incríveis tecnologias de tratamentos médicos e novos medicamentos, o sofrimento de milhões de pacientes ainda persiste no mundo. Porém, alguns profissionais com visão mais holística sobre o assunto, ao considerarem também as emoções e hábitos de vida dos pacientes, conseguem obter resultados admiráveis. É o caso do doutor Geraldo Eugênio Richard Carvalhaes, médico de 78 anos que, há mais de quatro décadas, lida com o tema.

O relacionamento do doutor Carvalhaes com o tratamento da dor crônica começou há 40 anos. Ele sua atenção despertada para o tema durante uma pós-graduação cursada, no final dos anos 70, no Walton Hospital, em Liverpool, na Inglaterra, quando, pela primeira vez, presenciou um programa de atendimento especial, voltado para aliviar a dor de pacientes de câncer em estado terminal. Ao voltar para o Brasil, tornou-se um dos pioneiros nesse tipo de tratamento, ao fundar, nos anos 80, em Belo Horizonte, a Clínica de Dor, um espaço dedicado a trazer de volta a qualidade de vida de milhares de pessoas.

Doutor Carvalhaes estima que, atualmente, pelo menos 15 mil médicos trabalhem com esse enfoque no Brasil, muito pouco, diante das 60 milhões de pessoas (37% da população) que dizem sentir dor crônica, de acordo com estudo feito pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED). “A maior parte dos pacientes que recebo são encaminhados a mim por outros médicos que, apesar de terem curado suas doenças, não tiveram sucesso em sanar suas dores. Tratei, inclusive, de pacientes que, mesmo com membros amputados, continuavam a sentir as mesmas dores que os castigavam anteriormente”, revela.

A razão, segundo ele, está no enfoque do tratamento, muitas vezes incompleto. “A dor tem uma importante função. É ela que nos indica quando algo não está bem em nosso corpo e que precisa ser cuidado. Porém, muitos outros fatores estão envolvidos. Por isso, nem sempre basta tratar o sintoma. É preciso buscar a causa, que nem sempre é só física, podendo ser também emocional”, explica Carvalhaes.

Tão importante quanto a atenção à saúde física é a saúde mental das pessoas. Conforme aponta Carvalhaes, adoecimentos da mente têm crescido mundialmente e já estão entre as principais causas de incapacitações no século XXI. Infelizmente, muitos médicos não levam esses fatores em conta nas consultas e acabam por dar diagnósticos incompletos ou até mesmo equivocados. “Na China milenar já diziam que não existe doença, mas pessoas doentes. Por isso, precisamos conhecer a pessoa que está por detrás da dor de nosso paciente, conversar com ele, saber seus problemas, aflições, rotinas, vícios, alimentação, e não somente pedir exames e receitar remédios”, assevera.

Tratamento acessível a todos
Embora demande muita qualificação e maior tempo dedicado aos pacientes, tratar com um especialista em dores crônicas não é caro e pode ser acessível a uma grande parcela de pessoas, por meio de convênios e planos de saúde. A lista de doenças dolorosas passíveis de tratamento é bem extensa. Na Clínica de Dor, por exemplo, inclui: enxaqueca, hérnia de disco, cefaleias em geral, lombalgia, lombociatalgias, neurites, osteoporose, pacientes em fase terminal, polineuropatias, dor no câncer, úlceras, herpes, dor osteomuscular e até dor da depressão, entre outras.

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