Turismo compensa perdas de caixa com e-commerce

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“Com a cidade fechada não teve turismo pra impulsionar os negócios, assim as vendas despencaram. Tive uma regressão de vendas em 60% apenas em um mês. Tive que reduzir o quadro de funcionários e passei a observar que estava desperdiçando matéria prima e tinha mão de obra ociosa. Foi então que decidi agir”.

O depoimento Deivid Sarmento Barbosa, proprietário do Empório Patrícia Barbosa, em Tiradentes (MG), é um exemplo clássico do que aconteceu com lojistas de todo Brasil nesta pandemia de Covid-19. Impedido de trabalhar e manter seu estabelecimento produzindo, por conta das medidas restritivas, o empreendedor precisou inovar para driblar uma possível crise.
“Reorganizei minha empresa, revi prioridade e busquei parceiro com lojas on-line. Deu certo! Assim que a cidade voltou a receber turistas tive uma recuperação imediata, mais as vendas on-line, meus negócios cresceram”, conta o dono do empório.

Assim como Deivid, centenas de lojas, restaurantes, bares, hotéis, pousadas, transportadoras e outros tipos de empresa que apostam de ofertar seus serviços em cidades turísticas tiveram problemas com a manutenção do negócio durante os últimos dez meses. Ao menos é o que indica a Organização Mundial do Turismo (OMT), ao revelar que o setor teve uma queda de 70% em 2020.

Conforme a Organização, a queda representa 700 milhões a menos de turistas viajando pelo mundo. Essa redução significa uma perda de US$ 730 bilhões para quem trabalha com o turismo. Em Tiradentes mesmo, um dos principais polos turísticos históricos do Brasil e com forte presença no turismo em Minas Gerais, o número de turistas caiu 60% no ano passado, de acordo com uma apuração da Associação Empresarial de Tiradentes. Com a baixa, os donos de estabelecimentos precisaram seguir o exemplo de Deivid e apostaram em inovação para continuarem lucrando.

“Diante da imobilidade imposta por medidas de isolamento social, uma atividade cuja existência depende da mobilidade humana encontra-se profundamente afetada, tal como têm amplamente noticiado organismos ligados ao setor, estudiosos e imprensa em geral. Embora o cenário seja crítico, esse é o momento de deixar as ideias florescerem e de permitir apostas criativas”, aconselha o presidente da Associação Empresarial de Tiradentes (ASSET), Wellerson Cabral.

A ASSET tem o papel de apoiar e orientar os lojistas associados de acordo com os protocolos municipais e auxilia-los a encontrar uma alternativa viável para manter o exercício lucrativo. “Tiradentes é uma cidade que tem a cultura e a engenhosidade nas veias. O contexto ao qual vivemos nos permite criar e tornar nossas criações algo extraordinário. Por isso, através da ASSET, estimulamos e auxiliamos os associados e os lojistas de Tiradentes a serem mais convictos com seu potencial criativo aliado ao potencial empreendedor. Nessa pandemia, o que mais precisamos é usufruir do conhecimento para conceber estratégias que façam a chave do dinheiro girar em nosso benefício”, argumenta o administrador.

Na linha do pensamento de Wellerson é claro e coerente caso observado como o empresário brasileiro tem reagido a pandemia. Em fevereiro de 2021, o Ministério da Economia informou 3,359 milhões de empresas foram abertas no Brasil no ano passado e 1,044 milhão foram fechadas. Assim, o país registrou um saldo positivo de 2,315 milhões de novos negócios abertos no período.

Rodrigo Batista Trindade, proprietário do Trem de Ferro, fabricante e loja de artesanato em Tiradentes (foto: divulgação).

Sobretudo, as novas e as antigas empresas descobriram uma estratégia que contribuiu muito para o avanço dos negócios durante a pandemia – o marketing digital. De acordo com uma análise da ACI Worldwide, empresa especializada em sistemas de pagamentos eletrônicos, o número de vendas pela internet cresceu 209% na pandemia.

Isso quer dizer que as pessoas estão comprando mais pela web, mas também que as empresas têm apostado mais no e-commerce. Como o caso de Rodrigo Batista trindade, proprietário do Trem de Ferro, fabricante e loja de artesanato em Tiradentes.

Rodrigo começou sofrendo com a falta de turismo na cidade e também com o fechamento das outras cidades do Brasil, porque vendo sua arte pra lojistas de toda região, com o acúmulo de matéria prima e a baixa de compradores. Ao perceber um encolhimento de 70% no negócio, o empreendedor recorreu a internet.

“A medida mais rápida que tive foi correr para as redes sociais para vendas on-line. Como deu certo pensei em mudar um pouco a linha dos produtos que ofereço. Corri para a produção de dispenser de álcool em gel logo que vi que era um produto de interesse de todos pois era obrigatório o uso em todo estabelecimento comercial e público. Foi um sucesso”, comemora.

Com apena cinco meses, Rodrigo recuperou o tempo perdido. “Com essa pandemia aprendi que tenho sempre a necessidade de buscar fazer coisas novas e diferentes. Também não posso deixar de estar sempre inovando e postando nas redes sociais pois essa será e está sendo a tendência do mercado contemporâneo”, pontua.

O quadro foi ainda pior para o Bruno Barbosa, proprietário da Marcenaria Barbosa, empresa especializada em moveis customizados de madeira. O empresário revela que viveu um sufoco quando perdeu 100% das vendas e o negócio parou de produzir.

Bruno Barbosa, proprietário da Marcenaria Barbosa, empresa especializada em moveis customizados de madeira (foto: divulgação)

“A solução foi acelerar a digitalização da nossa loja, uma vez que já tínhamos uma movimentação neste sentido, pudemos virar 100% dos nossos esforços para sair desta situação que fomos colocados. Ela é uma medida que tem um certo efeito imediato, mas a continuidade das ações é que fazem a relevância e assim virar uma força importante em nossa operação”, conta.

Bruno confessa que após a primeira etapa de fechamento, no ano passado, teve um segundo semestre lucrativo. Porém, neste início de 2021, com a onda roxa em todo estado, voltou a um patamar complicado de vendas, mas já está preparado e bem inserido no e-commerce.

“Você precisa estar sempre à frente, dia a dia, pra quando algo como o Covid aconteça, você responder rapidamente e minimizar os danos. Infelizmente não sabemos quando isto passará mas sei que cada dia mais estamos nos desdobrando para criar soluções para não depender tanto da venda presencial”, aconselha.

Já para Deivid, a incerteza de um futuro complicado para os lojistas de Tiradentes não o assusta mais. Agora, ele tem suas próprias formas de manter o negócio aquecido com uma paralisação de serviços. “Temos que trabalhar com pé no chão, com um dia de cada vez, para não termos surpresas no futuro, estamos num período de incerteza”, salienta.

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