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Uma nova realidade para o futebol brasileiro

Gradativamente, o amadorismo dos dirigentes do futebol vai ficando só na história. Os irresponsáveis que gerenciam os clubes com dose excessiva de paixão ou de ego, focando apenas em ganhar títulos e agradar ao torcedor, custe o que custar, vão dando lugar a profissionais dispostos a agir com mais rigidez, cumprindo à risca seus compromissos fiscais e trabalhistas, e estabelecendo os resultados desportivos como consequência da saúde financeira fora de campo.

O modelo combalido de gestão, que perdurou por décadas entre os clubes, levou a um endividamento que hoje alcança níveis estratosféricos. Segundo levantamento feito pela consultoria EY, divulgada neste início de ano pela ESPN e pela Forbes, a soma das 25 maiores dívidas entre os clubes brasileiros alcança os R$ 10 bilhões. Mas o profissionalismo que vem ganhando corpo no país permite acreditar que essas cifras irão cair nos próximos anos.

As experiências iniciais com as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) têm se direcionado para o uso de novas práticas de compliance, a partir da implementação de modelos de gestão focados em tornar os clubes sustentáveis. Cruzeiro, Botafogo e Vasco, três dos maiores endividados do futebol brasileiro e também os pioneiros do país a aderir à Lei 14.193/2021, indicam que há um reconhecimento inevitável de que é preciso priorizar o enxugamento das dívidas antes de pensar em altos investimentos e resultados esportivos em curto prazo.

O fato de serem da elite do futebol nacional faz com que os investimentos em atletas de nível sejam realizados, mas não com a mesma voracidade de dirigentes do passado, que contribuíram para afundá-los numa crise quase irrecuperável. Hoje são clubes que já respiram sem a ajuda de aparelhos, embora ainda permaneçam na UTI. Longe de ser exclusividade deles. Outros grandes do país já admitem que o caminho mais viável para a recuperação financeira e desportiva é aderindo à Lei da SAF, levando-os à elaboração de projetos internos para entrar de vez em uma nova realidade calcada na gestão empresarial.

É verdade que há bons exemplos recentes de gestões fora do âmbito da Lei da SAF. São os casos de Flamengo, Athletico-PR e Fortaleza, que já vêm colhendo frutos de um trabalho responsável intenso fora das quatro linhas. Vale lembrar que a adesão à SAF não é uma obrigação dos clubes de futebol, mas ela se abre para um mercado em ampla ascensão, onde estão players internacionais com know-how no esporte, interessados não apenas em injetar recursos, mas em expandir e transformar os clubes em grandes empresas lucrativas.

Isso é admirável diante do cenário caótico em que os clubes se afundaram. Tivemos experiências anteriores de tentativas de salvação das agremiações brasileiras, mas todas foram mal sucedidas. O pecado de todas essas iniciativas é que elas atacavam o problema financeiro, não o modelo de gestão. É este o diferencial da SAF, que oferece a chance de entregar os clubes para gestores menos egocêntricos, dispostos a explorar de forma mais profissional a máquina de dinheiro que é o futebol brasileiro. Todos já se deram conta disso, inclusive o torcedor. Basta que dirigentes e conselheiros abram os olhos. Como não poderia deixar de ser, muitos deles estão sendo os últimos a entender essa nova realidade.

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