Empresas de cidades turísticas lutam para manter negócio

Com as medidas de isolamento social adotadas para deter o avanço da pandemia da Covid-19, muitos empresários enfrentaram problemas para manter seus negócios funcionando. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre março de 2020 e maio de 2021, o estado de Minas Gerais apresentou um prejuízo de R$ 31,2 bilhões ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Foi o caso de Suely Pereira, dona da pousada Recanto de Minas, na cidade de Tiradentes, importante polo turístico no Campo das Vertentes (MG), que vivia seu melhor momento antes da pandemia. “Estávamos vivenciando uma fase ótima do turismo. Com as propagandas positivas da cidade e a alta do dólar, a procura por passeios turísticos estava excelente. Não tinha do que reclamar!”, destaca.

Entretanto, com o fechamento do comércio e a queda do movimento ficou difícil manter as contas em dia, mas Suely conseguiu negociar com os proprietários e recebeu isenção do aluguel de julho de 2020. O tempo sem faturar com a pousada levou Suely a vender caldos para os moradores da cidade que segundo ela tem um gosto especial por dobradinha. “Eu venho do Rio de Janeiro e aprendi a fazer dobradinha com minha mãe. Comecei a fazer para entregar a noite com um pequeno custo e meu tempero caiu no gosto das pessoas, até hoje recebo encomendas dos caldos.”, disse.

Outro empresário que precisou se adaptar a este novo cenário foi João Lombardi, chef e proprietário do tradicional restaurante Ora Pro Nobis que está há quase 20 anos em Tiradentes. Antes da pandemia o restaurante contava com uma equipe grande de 11 colaboradores que foi reduzida para dois funcionários já no primeiro fechamento ainda em 2020.

“O cenário econômico do país já não estava muito bom, mesmo antes da pandemia. O turismo foi o primeiro setor a ser atingido com o isolamento social e as incertezas desse momento nos fizeram reduzir a equipe, mas sem dispensar todos os funcionários com a esperança de que fosse liberado para reabrir em breve.”, explica.

A dificuldade em arcar com as despesas de aluguel de um restaurante fechado levou João a mudar de endereço. O restaurante que ficava localizado no Centro Histórico de Tiradentes, se mudou para um imóvel um pouco mais afastado do centro onde o aluguel é mais em conta.

Há um ano no novo endereço e com as medidas restritivas mais leves, o restaurante já recuperou sua clientela. “Atualmente eu sou o Chef e trabalho sozinho na cozinha, mas já estamos contratando uma nova equipe. Com a mudança nós simplificamos o nosso cardápio e com isso conseguimos ter preços mais atrativos para os nossos clientes. Apesar de não ter feito divulgação da mudança de endereço, nossos clientes antigos já nos acham e sabem onde estamos e também conseguimos muitos clientes novos.”, destaca.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a flexibilização de medidas restritivas, as perspectivas futuras de João são as melhores. “A mudança de endereço no meio de uma pandemia foi um ato de muita coragem porque nós já tínhamos uma história lá. Hoje a gente vê que foi a coisa certa a se fazer e estamos muito felizes. Estamos muito esperançosos para o momento pós-pandemia, vai ser uma retomada muito bacana com todo mundo vacinado porque todos estão com muita vontade de viajar, comemorar o aniversário fora de casa e sair à vontade.”, finaliza.

O presidente da Associação Empresarial de Tiradentes (ASSET), Wellerson Cabral, esclarece os prejuízos para o setor. “Com a suspensão das atividades durante esse longo período, os empresários tiveram que se reinventar para diminuir os danos causados pela pandemia. Sem a possibilidade de operar de forma adequada, eles tiveram que encontrar outros meios de garantir a sobrevivência de seus empreendimentos”, argumenta.