Boulevard Shopping prepara sessão cinema para crianças com autismo
12 de abril de 2018Medicina olímpica
13 de abril de 2018“Escrever foi uma necessidade da minha alma, desde sempre. Muito cedo me vi enfeitiçado pela palavra escrita. Aos doze anos escrevi meu primeiro livrinho e o ilustrei. Lembro do prazer que sentia ao ir às livrarias e bibliotecas, tocar e sentir o cheiro dos livros. Mais tarde, incompleto com a carreira racional de engenheiro civil e empresário, encontrei no ato de escrever uma compensação emocional, filosófica e espiritual para o que eu não encontrava na atividade profissional”, é o que disse Ricardo Castro a respeito de um dos seus ofícios.
No dia 19 de abril, quinta-feira, a partir das 20h, será realizado o coquetel de lançamento do livro de poemas “Fragmentos”, de Ricardo Castro, no Grande Hotel Ronaldo Fraga. A obra reúne 50 poemas sobre angústia, solidão, amor e vida, escritos entre 1978 e 2018. “Escrevi ” Fragmentos” na esperança de trazer à luz do dia, nessa jornada às vezes lúdica, às vezes tão cheia de tormentos, fragmentos de emoção representados pela angústia, a solidão, o amor e a vida”, explica o autor.
Para o professor aposentado de Literatura Clássica da UFMG e da PUC Minas, Johnny José Mafra, que faz a apresentação do livro, Ricardo Castro é um poeta múltiplo. “Fragmentos” é um livro estimulante, de leitura agradável, que convida ao prazer da fruição, da justa ocupação do tempo e exercitação do merecido ócio. Inquieto na sua visão de mundo e atento observador do que o circunda, Ricardo não perde a deixa e a poesia nasce simples e espontânea”, diz o professor. Noso repórter Ícaro Ambrósio, bateu um papo exclusivo com o autor.
Ícaro Ambrósio Pergunta para Ricardo Castro:
Você é engenheiro, mas não é de hoje que a poesia faz parte da sua vida. Quando e como foi descobrir o dom de escrever?
Família de leitores vorazes, ótimas escolas, excelentes professores e uma personalidade então mais introvertida me empurraram para os livros e para a escrita desde muito cedo. Aos 12 anos de idade escrevi meu primeiro livrinho:”Aventuras no Mar”.
Como você se divide entre o poeta e o empresário?
Há fases de grande produção e períodos mornos. O trabalho nunca me impediu de escrever,até porque, quando a centelha da inspiração ocorre, o texto flui rápido ;em questão de minutos, meia hora, a estrutura do poema ou letra de música está pronta. Depois,vem o polimento, mais duro e suado.
Agora você está prestes a lançar seu quarto livro, “Fragmentos”. O que esta obra tem de singular?
“Fragmentos” reúne poemas de 1978 aos dias de hoje: é, portanto, uma autobiografia poética: minha vida, meus amores, minha solidão e minha angústia ali se desnudam. Foi uma seleção de 50 poemas pinçada em meio a mais de uma centena de textos.
Os poemas de “Fragmentos” tratam angústia, solidão, amor e vida. Qual a relação destas palavras para o trabalho?
Procurei dividir o livro em grupos de poemas que retratassem estes sentimentos mais dominantes em minha produção artística, porém o fiz de maneira sutil. Pela ordem,a angústia,a solidão,o amor e a vida desfilam e se manifestam.
De veio a inspiração de juntar poemas dos últimos 40 anos e publicá-los?
Estou sempre produzindo:este é o meu quarto livro e já tenho dois CDs autorais como autor das letras em parceria com grandes músicos de Belo Horizonte e de São Paulo. Este livro estava pronto desde 2009, mas nesta época eu estava muito envolvido compondo para festivais da canção em todo o país,viajando para acompanhá-los,e o projeto ficou engavetado.Com o término do segundo CD, decidi resgatar os originais e publicar.
“Fragmentos” é um livro para ser lido por todas as idades ou tem uma faixa etária destinatária?
É um livro para o público adulto. Meus três primeiros livros foram dirigidos ao publico infanto-juvenil: “Eduarda”, prosa poética;”Canções de amor para Eduarda” e ” Poemas para pequeninos”, de poemas.
Você é natural de Belo Horizonte. A capital mineira tem alguma participação no livro?
A capital mineira tem participação direta na minha formação como pessoa, na minha personalidade. Tudo isso acabou por se refletir na construção da trama poética dos poemas e das letras de música que produzi.Percebe-se uma presença da introspecção, da rigidez e da angústia,traços marcantes de minha geração nesta cidade cercada por montanhas.
Você e o Imortal Abgar Renault construíram uma história curiosa. Como foi que tudo aconteceu?
Em 1980, Luiza, amiga querida, irmã do grande escritor mineiro Fernando Sabino, ciente da minha produção literária, se ofereceu para mostrar os meus originais ao seu amigo,o grande intelectual mineiro Abgar Renault..Com muita gentileza ele fez uma análise e me enviou um longo e detalhado texto comentando o meu trabalho,o que, inegavelmente,muito me animou e motivou a prosseguir no ofício de escrever.
Todos sabemos que viver de arte no Brasil é um tanto quanto incerto. Até porque não é da cultura do brasileiro apreciar os diferentes tipos de arte. Você pensa em abandonar a engenharia para arriscar tudo apenas como escritor?
Já abandonei o exercício da engenharia há muitos anos e hoje sou empresário no ramo da alimentação. Tenho a sorte de não depender da arte para sobreviver e sou grato por poder fazê-lo sem a pressão dos que dela dependem para tocar o seu dia a dia.
Já há na sua cabeça a ideia do quinto livro?
A próxima empreitada será outro disco,que já começamos a compor, eu e meu parceiro desde 2005, o paulistano Lula Barbosa.Neste ano já compusemos nove canções,estamos embalados!