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Fuga de capital estrangeiro na B3: investidor estrangeiro tirou mais capital em julho

A autora Glauciane Tavares é economista e assessora da Atrio Investimentos (foto: divulgação/Atrio Investimentos)

A principal característica da fuga de capital é a saída de uma grande quantidade de recursos financeiros de um país em um curto espaço de tempo. As consequências podem ser desastrosas para o mercado de capitais e para toda a economia. Normalmente é mais comum ocorrer nos países emergentes devido à instabilidade econômica e a alta volatilidade.

Conforme dados da B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), a bolsa de valores do Brasil, a queda de investimento estrangeiro no mercado secundário em janeiro de 2021 foi de -6,89 e em fevereiro de 2021 de -3,35. Nos meses de março, abril e maio, apresentaram uma recuperação de 7,02, 12,20 e 16,63, respectivamente. Porém no mês de julho o mercado foi surpreendido com nova queda de -6,12.

A saída desses investimentos externos é preocupante porque representam 47,6% do volume total da bolsa brasileira, movimentado em julho de 2021, segundo dados divulgados pela B3. Alguns dos efeitos dessa saída de capital externo é o enfraquecimento do real frente ao dólar, que tende a se valorizar, a depreciação do câmbio, a redução do crescimento econômico e o aumento da inflação que tende a pressionar os juros.

No cenário nacional, são muitos os fatores que influenciam no humor dos investidores em relação a um país. Fatos ocorridos no espectro político e crises internas influenciam diretamente.

No Brasil podemos destacar, as ações tomadas pelo governo para combater a Covid-19, os indícios de que haveria intervenção do governo na Petrobras, as trocas de ministros, a possibilidade de reformas necessárias ficarem paradas no congresso ou até mesmo a notícia de que o ex-presidente Lula poderia novamente ser elegível, servem como contrapesos na balança do risco.

Os principais riscos estão ligados à evolução da pandemia e ao ritmo da vacinação. As Instituições Financeiras acreditam que a recuperação das atividades globais poderá ser desigual em função do ritmo da vacinação e da expansão das novas cepas do coronavírus. A tensão política causada pela CPI da Covid-19, no Brasil, segue em clima bastante tenso de debates e discussões. O principal objetivo é investigar a atuação do Executivo no enfrentamento da pandemia, além do uso de recursos federais pelos estados e municípios.

É importante lembrar, que os mercados emergentes oferecem um nível de risco e uma volatilidade maior, como o Brasil. Portanto, quando a economia mundial dá sinais de insegurança ou enfraquecimento, os investidores estrangeiros retiram seus recursos financeiros desses países, buscando aplicar seus recursos em investimentos mais seguros.

Por outro lado, se o país de origem desses investidores apresenta índices de recuperação em suas economias, também atrai esses recursos para os próprios mercados.

O Calendário Econômico brasileiro reserva os dados do Boletim Focus do Banco Central do dia 27 de julho de 2021, em que foram elevadas as estimativas para a taxa Selic que passou dos 6,75% atuais para 7%. E alta da inflação pela 16ª vez seguida de 6,31% para 6,56%. A estimativa é bem acima da meta de 3,75% e do teto limite superior de 5,25%.
O investidor externo considera ainda o Risco Brasil, que funciona como uma espécie de termômetro da economia brasileira, medindo o desempenho do país e o índice de risco. É utilizado como parâmetro para que os investidores decidam aplicar os seus recursos.

Fatores que influenciam o Risco Brasil:

  • A taxas de juros – Quanto menor a taxa de juros mais controlada será a inflação. A população tem maior acesso ao crédito, há aumento do consumo e redução do risco de crédito;
  • Déficit fiscal – O endividamento mostra a dificuldade de sustentabilidade do país e de movimentação da economia. Os investidores esperam receitas maiores que gastos;
  • Câmbio – Quando o risco diminui, a taxa de câmbio se valoriza;
  • Cenário político – As incertezas políticas geram instabilidade no mercado financeiro. As crises internas, medidas adotadas, turbulências políticas, corrupção, por exemplo, afetam a movimentação dos investidores.

Os Estados Unidos apresentam resultados positivos no primeiro semestre do ano, fato que deixa os investidores otimistas para o segundo semestre. O indicador payroll surpreendeu ao revelar que foram criadas 850 mil novas vagas de empregos em junho. O número mostrou forte recuperação econômica em relação a maio.

O presidente do Fed, Jerome Powell, declarou, à Câmara, e reforçou a percepção de que a inflação tem caráter transitório e que não é momento para retirar os estímulos à economia. Esses estímulos contribuem para o controle da taxa de juros, da alta nos preços, incentiva o consumo e o investimento interno.
Joelson Sampaio, professor da Fundação Getúlio Vargas, explica que quando a taxa de juros sofre aumento em países desenvolvidos, como os EUA, o mercado financeiro se movimenta de acordo com o fenômeno “flight-to-quality” (voo para a segurança).
Os investidores migram seus recursos de países emergentes, onde há mais riscos, para países com menos riscos. Isso acontece porque o principal motivo dos investidores ao buscar países como o Brasil é o pagamento de juros altos. Portanto, se a taxa de juros em um país desenvolvido é elevada, vale mais a pena investir com mais segurança.

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